5º Domingo da Quaresma – Domingo 22/03/2015
“…e rogavam-lhe: Senhor,
queremos ver Jesus.”(Jo. 12,21b)
Este foi o desejo de alguns gregos que
estavam em Jerusalém, “… queremos ver Jesus”. Certamente tomaram essa
atitude porque tinham certeza de estar diante daquele que mudaria,
definitivamente, o conceito de religião. Os gregos não eram simples pagãos ou
alguns daqueles que se aproximavam de Jesus Cristo para perseguir ou
fazer questionamentos maliciosos; estavam entre muitos: “Havia alguns gregos
entre os que subiram para adorar durante a festa.” (V.20)
O que eles, com certeza, não imaginavam, e
muitas vezes nós também não imaginamos, é o que representa “estar diante de Jesus Cristo”, que desafio isto
significa! Aliás, um duplo desafio.
1º - Primeiro, de nos colocarmos, nós
mesmos, face a face com Ele, sem máscaras, olhos nos Seus olhos,
fixar a Sua Imagem em nossa retina e guardar o sentimento desse momento,
no nosso frágil coração.
2º - Segundo, com todo nosso ser; pensar,
falar, sentir e agir, não sermos muro, mas janela para o que Ele tema a nos falar.
Lendo Jo 12,20-33, o Evangelho do 5º
Domingo da Quaresma, a princípio, podemos pensar que Jesus
Cristo não responde “coisa com coisa”, dá uma resposta que “não
tem nada a ver!”
Olhando um trigal que se agita ao sopro do
mais suave vento e se ondula com a suave brisa leve, dificilmente podia-se
imaginar que, diante de todo aquele festival de “dourados” e “riquezas”,
também pudesse representar um grande “sacrifício”: “Se o grão de
trigo, caindo na terra, não morrer, ficará só”. Jesus Cristo utiliza-se do mais simples e belo, para falar
do mais profundo e difícil de entender.
É com essa postura humilde que Jesus
Cristo se coloca diante dos gregos ansiosos por vê-lo. Coloca-se,
não como alguém que está seguro na sua cápsula de orgulho e soberba, mas como o
Filho de Deus, passando
pela renúncia voluntária da própria divindade, pronto a permitir que Ele próprio, O “Grão de
trigo” de Deus,
tenha a casca totalmente estraçalhada, pronto a se desfazer, assim, da própria
vida em favor de muitos.
“... mas se morrer, produzirá muito
fruto”. Creio que Suas Palavras causaram e ainda
causam, inquietação e suspense; Ele
trouxe e traz à luz, humanamente falando, uma realidade explosiva e
contraditória.
Mas, que realidade é essa?
O “odiar sua vida” não significa
destruí-la, mas reconhecer valores que podem exercer um direcionamento
contrário às inclinações naturais do ser humano, o arrependimento e a Fé. São
esses, os valores.
O arrependimento implica a negação de toda a vida egoísta
e egocêntrica; e a Fé, a aceitação do Deus que, em Perdão
e Amor abre horizontes que jamais se fecham no “círculo” do eu,
mas sempre se expandem na “terra” do mais um.
“Pois … é
morrendo que se vive para a vida eterna!”
Fabiano Camara Bensi